-Passe a tarde comigo, tem
cerveja. A notificação acendeu na tela do celular. Como fazer uma visita para
aquele rapaz lindo e interessante, durante uma pandemia mundial? Arriscado?
Sim. Fui? Sim, também. Apareceu no portão para me receber, usava uma regata que
exaltava seus braços fortes, bermuda de moletom e um diferente par de
chinelos. Os vizinhos espiaram e com certeza indagaram minha presença com algum
comentário dito baixo demais para ouvirmos. Eu notei os olhares, um tanto curiosos, talvez maliciosos, quando entrei. Não me importei, ele também não. Foi o fim do tédio de uma quinta feira sem graça na São Paulo cinza e fria de fim de outono. Uma tarde gostosa de descobertas. Não resisto a você e já nem luto mais contra, depois de flertes virtuais, por meses, finalmente seria meu. Devagar, sem pressa. [...]