"Amar cria raiz, sim. Cria, independente de ser verbalizado. Basta sentir o amor para que fiquemos dependentes dele, uma dependência boa, daquilo que nos faz sentir vivos." Martha Medeiros
Após o susto ela entrou no carro. Seu joelho estava ralado e ela resmungou quando ele limpou o ferimento com o lenço azul que tirou do porta luvas.
-Acho que você vai sobreviver. Disse ele e depois sorriu pra ela.
Ela paralisava e tremia com aquele sorriso lindo. Sabia que ele era especial e sorriu de volta. Entendia que a melhor forma de agradecer um sorriso é simplesmente sorrir, sem necessidades de sílabas ou frases.
Enquanto aguardavam o vinho tinto, ele foi ao banheiro. Ela pegou um guardanapo e começou rabiscar.
"Não sei se foi o acaso, mas agora que estou aqui,
quero ficar. Porém só essa noite...
quero ficar. Porém só essa noite...
Tenho medo de te ensinar a jogar uno e
você não me ensina a acreditar que a vida vale a pena"
você não me ensina a acreditar que a vida vale a pena"
Giulinha
Dobrou o guardanapo entre os dedos, respirou fundo e guardou no bolso da jaqueta dele.
As luzes iluminavam o começo. Essa é sempre a melhor parte. Essa é a parte da descoberta, dos olhos límpidos e transparentes. No começo não há "aquela vez que você mentiu" e nem "desculpe-me por aquele erro".
-Sou leonina Publicitária, trabalho em alguns projetos independentes, às vezes só as terças ou quintas, meu único vínculo e comigo mesma.
-Faço Marketing, sou de gêmeos e tenho obrigações fixas, de segunda à sexta. Mas também sei fazer lasanha e pessoas felizes. Sorriu novamente.
Entre taças de vinho tinto, cigarros e sorrisos, houve também o primeiro beijo. Adocicado, lento de início e urgente, como quem se conhecesse a algum tempo e sabe exatamente aonde quer chegar.
Trancados em um quarto escuro, corações dispostos e apressados se encontram naquele noite, entorpecidos de vinho e paixão com uma dose relaxante de amor. Aconteceu de estarem ótimos.
Já pela manhã ela o olhou e o beijou. Ele ainda dormia.
Já pela manhã ela o olhou e o beijou. Ele ainda dormia.
Ela estava feliz, mas tinha medo de criar raízes. Por medo decidiu ir embora.
Quando chegou em casa, ela foi direto para o chuveiro. Fez questão de lembrar todos os detalhes e sorrisos, mãos e afagos, gestos e gostos. Todos únicos.
Antes de dormir, resolveu vasculhar a bolsa, procurou a barrinha de cereal, sempre curou ansiedades assim, mas encontrou um "passaporte" escrito em um pedaço de papel.
"Talvez não queira mais me ver,
mas saiba que foi inesquecível...
mas saiba que foi inesquecível...
Deixo você optar, mas por favor não demore muito. "
Rafael
Rafael
Ela estava surpresa, feliz e com medo, segurou o bilhete nas mãos e dormiu. (...)
Antes disso: Cerejas e Marshmallow (I)
Depois disso: É isso (III), Just Believe (IV), Último romance (V)
Depois disso: É isso (III), Just Believe (IV), Último romance (V)