quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ventos de Junho


Mês de junho. Frio. Úmido. Sempre achei que tem “um que de Europa”. Sempre gostei de olhar a cidade acordar no frio, nas ruas as pessoas apressadas para o trabalho, nos carros os vidros embaçados, a garoa, as respirações com fumaças. Quando eu era pequeno soprava no espelho do banheiro nas manhãs frias, deixava uma mensagem ali escrita com o dedo e mais tarde, a noite, voltava para conferir antes do banho. Soprava e minha mensagem secreta estava lá novamente. Nunca mais soprei nosso espelho, 'canção velha', nunca mais te busquei [...]

Mês de gêmeos, mês de câncer. Para os geminianos como eu, o encontro da lua com Marte significa que tudo está bem. Vamos ver até quando. A 'canção nova' é de câncer, dizem quem não combinamos, câncer é do elemento água, gêmeos é ar.

Mês de quintal e junina. Aqui dentro do meu quintal, queimou quase tudo, queimou o milho, o pinhão, a paixão, o carinho e a vontade. Queimei. A 'canção velha' mereceu a fogueira. Jaz aqui dentro, meu bem, e pasme: Cre-ma-do! E quase todas as cinzas já nem existem mais, foram sopradas. Meu quintal está em festa.

Ventos que trazem presságios, tempo frio de rasgar os lábios. Botas, cachecóis, casacos e toucas. Elegância. Bocas pintadas de vermelho. Céus pintados de cinza. Olhos e céus pincelados de preto. Agora até que gosto dos tons frios dos meus dias de quase inverno. Gosto das atuais tonalidades cinzas da minha alma. Hoje esse tom combina comigo, às vezes é mesmo necessário mudar de tom. Dancei muito de vermelho, de azul e de verde, vivi o céu e o inferno dessa aquarela. Agora prefiro os dias calmos e límpidos, quando olho para o Ipê amarelo florido na esquina do Fran’s Café não enquadro mais a nossa janela. Em outra estação seria impossível não te pintar na tela, mas hoje, as folhas amarelaram e cairam uma a uma, a tinta óleo secou e a nossa pintura se encontra em alguma gaveta. Aquele nó molhado passa despercebido, seu 3x4 não pede mais para ser visto.

Um comentário:

Daniele Oliveira disse...

Quem disse que uma Fênix precisa de calor pra renascer? E eis que em pleno começo de frio e umidade ela resolve novamente o ar de sua graça. Bem vinda novamente minha Fênix querida, senti sua falta, você não tem ideia do quanto aguardei a sua volta, sua ausência me machucou até.
Como eu te disse uma vez eu tenho vontade de te proteger do mundo e principalmente de você mesmo, ai se eu pudesse tomar a frente de você e te deixar off line quando você perde o rumo e o prumo. Mas isso é só parte da minha mania absurda de proteger tudo e quem eu amo, mas o correto é deixar as coisas seguirem seu rumo e as pessoas (mesmo as que amamos muito) fazerem suas escolhas, por mais que tenhamos a ilusão que nós é que sabemos o que é melhor para quem nos é querido.
O bom é que toda a fase por pior que seja passa e como toda boa Fênix você renasceu!