segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O tom de um reencontro

"Como estou feliz nesse momento. O modo como a luz está iluminando o seu rosto. Tem uma brisa entrando pela janela. Não importa se vou ter dez mil momentos iguais a este ou só este mesmo, porque não tem diferença. É só isso. Este momento presente. E ele é meu."  - Love & other drugs


Eu prefiro a hidro quente, você fria. Gosto de dormir de conchinha cheirando seu pescoço, você gosta de deitar de bruços. O ar condicionado ataca minha renite, mas você morre de calor. É inexplicável o que nos une. Desejo somente que nossas vontades se toquem e deem as mãos por longos anos e que possamos construir nosso elo da forma que acharmos conveniente: em cima de lençóis brancos e limpos, atrás de mesas de café ou novamente em poltronas de cinema [...]

Nunca fui o tipo de cara que se prende aos romances naufragados, sempre achei suficiente, por exemplo, saber que a pessoa está bem e seguindo sua vida após o término. Mas existem relacionamentos que possuem algo a mais, uma carga maior de entrega mútua, relacionamentos que fazemos questão de saborear novamente nas esquinas da vida entre um verão e outro. Empatia, sinergia, química, chame como preferir, eu simplesmente gosto de ter novamente, cara a cara, alguém que um dia me fez bem. Gosto do abandono no palco e da volta triunfante para uma nova turnê. 

Nosso romance sempre terá aquela trilha sonora enigmática e gostosa embalada por Thom Yorke. Você com seu modo alternativo demais dentro dos seus conceitos, discreta no jeans com camisa branca, demasiadamente inteligente quando articula qualquer tema, ali mesmo, na mesa de bar, e charmosa quando marca a borda da taça do vinho com o formato dos seus lábios. E existe a maneira como você sorri. A maneira que seus quadris se movem. Você é deliciosamente atrativa aos meus sentidos. Todos eles. Fico torpe. 

Eu te proponho uma cerveja e um bom papo. Você não hesita. Entra no meu carro. Uma, duas, três cervejas e agora a lua parece mais cheia e próxima. Nossos olhos se entregam com mais facilidade. Os elogios soam naturalmente e entre um toque no braço, rosto, cabelo, te entrego minha vontade: beijar sua boca. A sua coincide. Sua boca, novamente presa a minha. O cheiro cítrico do seu pescoço, misturado com o seu suor -esse cheiro é só seu. É inevitável, chovem lembranças de quando éramos. Quando você me fazia sonhar sempre que. Quando sussurrava segredos íntimos no meu ouvido depois de. E sorria gostoso quando. 

Temos somente dia de hoje, então, eu vou lhe dizer olhando bem no fundo dos teus olhos, que você é sim muito importante para mim e que me reencontrar com você essa noite, me faz um bem imensurável. Não consigo quantificar ou qualificar as sensações de prazer que você me proporciona. Talvez aquele amigo mais crítico ache uma recaída boba e tenha vontade de me chicotear em praça pública, ou aquela amigona sincera me recrimine por eu cair mais uma vez naqueles conhecidos (a)braços, mas você sabe que acelera meus batimentos cardíacos e o que me faz tremer as pernas. Suar as mãos. Virar as costas para esses momentos por orgulho ou medo de ferir o ego, isso sim seria uma grande burrada. 

O que foi dito no ápice de nossas crises, quando colocamos um ponto e vírgula, foi dito da boca para fora. Todos exageram no tom da despedida, do término. Passam do ponto. Despedidas são pesadas, difíceis mesmo. A nossa não foi diferente. Entendemos os reais e possíveis motivos do término. Amadurecemos, superamos e começamos novamente desejar o bem, um ao outro. O saldo final é positivo, fica o afeto e o carinho por alguém que em um determinado período de nossa vida, foi parceiro. Então façamos um trato: Vamos guardar nossos bons momentos, somente esses. 

Qual o tom de um reencontro? Pinto de cor vermelha. Amores que nos marcaram e suas inúmeras possibilidades de brilharem novamente apesar dos pesares. É aquela gostosa sensação de degustar novamente aquele salmão com molho de maracujá que você adora e lambe os dedos sorrindo. Você é a pequena e insubstituível peça que completa meu quebra-cabeça.

Um comentário:

Unknown disse...

Que lindo, mesmo com tantas diferenças os dois meio que se completam.
Adoro o jeito que voce escreve, faz eu viajar no tempo sabia? *.*

beeijos