quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Recortes de Uma Noite


Um copo de vodka. Com bastante gelo. Preciso amortecer nostalgias. Esquecer o que tentei ser e não vingou. Estagnar qualquer possibilidades de nós. Com vodka, Artois e nicotina. Em outros lençóis. Outras hidros. Deixar em 2012 tudo o que era para fazer sorrir, e sangrou. Seu jeans agarrado, meu coração surrado, seus olhos analisando de forma errada todo o meu desejo de. Seu pescoço me expectorando. Seus lábios me causando arrepios. Sua boca provocando meus sentidos. Todos eles. Minha insanidade pontuando [...]


A sua certeza de que enfim, findamos. E não iremos. Seus olhos expressam epílogos maus resolvidos e tem cor de ponto final. Ausência de sol. E novamente transita entre nós, aquela visitante sensação de que poderíamos: brindar reconciliações e transbordar novamente. O copo cheio de nós dois jogado na parede com pedaços de meias verdades misturados aos cacos.

“No peito de um outro protetor” como diz Camelo... e eu esperando a maré recuar para tentar ser. Tentar ser eu novamente. Só que aos pedaços. Fingindo, a cada sorriso cheio de dentes e ausências que eu ainda sou o que.  

O que sobra de nós quando deixamos de ser? 

O cigarro aceso na varanda, uma nova nuca em frente o meu nariz. 6°Andar. A cidade cinza amanhece, a padaria acorda, o vizinho leva o Labrador para um passeio, a garoa fina de São Paulo. Não é você. Mais uma vez. O pornô na LCD, outros costumes, outros relógios na penteadeira, outra profissão, outra maneira de se perder em lençóis e cama box, outro jeans, outros beijos. Com GHB. Mas não é você. 

Abrir o elevador e deixar o coração bem fechado. Você sabe. Não consigo deixar de sangrar depois que partiu. Eu tento. Há ressaca moral. Ainda. Há também a falta de ser: honesto comigo mesmo, coeso, firme, convicto, feliz... há muita falta de ser. A todo momento, com mãos dadas ao tiquetaquear insano do relógio. Cremamos e deixamos de ser. Hoje, somos cinzas espalhadas por música alta e apartamento. Mais cinza que todos os tons da Faber. Olhos vazios e sorrisos atuando. All the time.