domingo, 22 de abril de 2012

Rolha de Prosecco ou tampinha de Stella?!

- Qual  sua cor preferida?
- Ver-te!

Existe um determinado momento da deprê, que você precisa se encarar no espelho, tirar a barba mal feita, fechar a torneira dos olhos, cortar o cabelo, olhar para o futuro e soltar as rédeas do passado. É perfeitamente aceitável a dificuldade de se despedir do que foi bom um dia [...]


Aquela conchinha quente que eu ficava colado na sua nuca sentindo seu cheiro, aquela risada gostosa que me fazia suspirar, aquele olhar sacana, seu modo de andar, as noites-mal-dormidas-bem-fodidas, aqueles nossos cafés da manhã com olhos inchados, geléia de damasco e cream cheese, jantares com pizzas ou temakis, nossas mãos no cinema, nossos olhares nos cafés, nossos corpos colados e molhados depois de rolhas de Prosecco, o jeans despido pós tampinhas de Stella, os cigarros do "antes de" e os do "depois de", os banhos de banheira, os de chuveiro, os de piscina, os de mar. É mesmo dolorido deixar tudo isso para trás, esquecer os planos, o timbre, as manias, os gestos, as qualidades e os defeitos. Mas caso não aconteça a ruptura ficaremos estagnados, impossibilitados de vivenciar algo novo, algo melhor, algo grande. Fernando Pessoa descreve com maestria:
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmo."
Toda a dificuldade e dor na transição é perfeitamente aceitável, mas pode ser opcional. Devemos nos despedir do passado. Não é esquecê-lo e nem guardá-lo em um baú de coisas velhas, desses que deixamos no fundo do armário, no mundo de Nárnia... não é isso. Devemos olhar para trás com carinho e a sensação de que fizemos e vivemos o que era para ser feito e vivido, porém o foco agora é o que está por vir, é na frente e não no verso. Adiante.

Se eu dissesse pra ti que não tenho medo de encarar nos olhos o próximo amor eu estaria mentindo. Tenho medo, dúvidas e receios. Porém, por mais que eu me ferre, por mais que me ferrem, eu levanto, mais forte, vestido de novas armaduras contra futuros amores abortados. Cicatrizado e dono da certeza que é melhor morrer de amor do que viver sem amar.

3 comentários:

vendedor de ilusão disse...

Olá, vim lhe visitar e desejar um excelente domingo e uma semana esplendorosa, com direito a feriado e tudo...
Abraço.

R Linhares disse...

"O passado é como uma âncora nos puxando para baixo; É preciso deixar para trás quem fomos para então nos tornarmos quem seremos" - Adoro essa citação de SATC.
Gostei do texto.

Anônimo disse...

Apaixonante, eu que amo leitura ficarei presa ao seu mundo...Parabéns mais uma vez Eder Fabrício.
:)