Ele começou por desprender o cabelo dela, sem muita pressa. Deixou ele cair pelos ombros, separou-os com cuidado para que descobrisse a nuca e a beijou. Ela sorriu (mas de um modo que ele não visse), sua respiração estava ofegante e quando se virou e o encarou, sentiu medo. Sentiu medo de gostar, medo de gostar pra valer dele.
Ele bebeu um gole de vinho, no gargalo da garrafa mesmo, sem cerimônias e em seguida ofereceu para ela. Ela tragou o cigarro mais um vez e soprou pro alto, em direção ao lustre prateado, também não se importou com o que ele pensaria e molhou a boca com o vinho.
-Apenas acredite. Ele a olhou no fundo dos olhos (o que para ela era preocupante. Será que viu quem sou realmente?-ela pensava nessa hipótese).
Seus lábios se tocaram e ele começou a tirar o tênis, com um pé ele apertava o calcanhar do outro, fez assim com o outro par. Estava de meias.
Ela tirou a camiseta dele como a muito tempo não ousava fazer. Esqueceu e não se importou com os bons costumes.
Beijou seu peito quente, podia escutar o coração dele rápido e descompassado.
-Sua boca está suja de baton Rafa.
Eles sorriram.
-Então tira.
Se beijaram novamente.
-Sua boca está suja de baton Rafa.
Eles sorriram.
-Então tira.
Se beijaram novamente.
-Eu acredito. Ela soltou as tais palavras com tanta facilidade e naturalidade que se questionou em segredo: Será mesmo que sou eu?
Sempre esteve no controle da situação e agora ela se via totalmente entregue ao rapaz.
O lençol branco ardia em brasa e os dois corpos juntos derreteriam icebergs do tamanho dos nosso medos.
-Acredita em destino Rafa?
-Acredito em nós Giulinha e quero que acredite também.
Ele olhou para ela, tirou com cuidado partes do cabelo que caim sobre o rosto dela.
-Apenas acredite. A beijou novamente.
Acordou do sonho com o gosto do vinho tinto na boca.
Pensou, só que seus lábios se moveram e a frase saiu para quem estivesse perto ouvir:
-Não acredito que sonhei com ele. E sorriu.
Enquanto se olhava no espelho ao escovar os dentes, ela lembrava dos detalhes do sonho e de repente, depois de mais de uma semana sem contato algum, sentiu uma necessidade enorme de ligar para ele.
Voltou do banheiro, abriu a janela do quarto, o sol brilhava intensamente e incomodou sua visão. Não se importou com isso. Vasculhou a bolsa atrás do bilhete dele. A pressa de ter nas mãos o "passaporte para a felicidade" era tanta que virou a bolsa de cabeça para baixo, deixou cair na cama tudo o que estava dentro.
Se lembrou de que o bilhete estava na gaveta de sua penteadeira. Abriu a gaveta e leu novamente a parte que lhe interessava:
"Deixo você optar, mas por favor não demore muito..."
Rafael
Olhou no verso o número do celular, pensou se deveria ligar, pegou o celular nas mãos. Lutou novamente contra o que sentia, tinha medo de sofrer como da última vez. Colocou novamente o bilhete na gaveta. (...)
Antes disso: Cereja e Marshmallow (I), Um pouco de vinho tinto e um copo de desconfiança (II), É isso? (III)
Depois disso: Último romance (V)
Depois disso: Último romance (V)