Faz de conta que nada foi dito. Podemos pular esse dia, não podemos?
Ele tinha os olhos fundos e tristes, estavam vazios a quase um século (podia acreditar facilmente nisso).
"-Bola pra frente piá! Erga a cabeça!" ou "-Quero o melhor pra ti, então fique bem... pare de sofrer!" Ouvia constantemente dos amigos.
O segundo vazio chegou mais intenso e doloroso (doía a alma), foi quando o guri sentiu saudade do cheiro, do sorriso, do olhar, da voz. Foi nessa época que ele sentiu saudade do toque, do abraço... sentiu saudade de se ancorar na guria.
A saudade e o vento que tocavam no corpo dele, caminhavam juntos, em direção ao passado.
-Invadiu meus sonhos, sacudiu minha alma, acabou com a minha calma (...) Ele dizia para si mesmo vagando pela lua.
Eu o ouvia perguntar de onde tinha surgido tanto amor. Eu, por não poder responder, sofria junto com ele e as interrogações.
As lembranças dele eram acompanhadas das piores facadas recebidas por quem um dia lhe atribuiu um sorriso - desses largos que derretem icebergs inteiros.
Eu queria ter te avisado antes, dizer que sorrisos tem prazos de validade, se desmancham, e o que fica é o silêncio de quem te fez sorrir.
Tudo o que ele sempre quis foi o melhor para os dois. Ela sempre soube dos desejos sinceros do guri.
Se entorpeceu de sonhos incinerados, desamores e vodka. Repetiu na quinta, sexta e no sábado. Houve momentos amargos provocados por ressacas morais.
Ele chorou por ter visto escorrer por seus dedos, chorou por deixar recados na caixa postal e não receber retornos, chorou por não receber qualquer e-mail. Chorou por imaginar outro em seu lugar.
Não sabia o que pedir, então pediu a Deus para dormir uma semana inteira, talvez Agosto inteiro.
Te ajudo com Agosto e desgosto. Fico em você, se você quiser.
Vivia o céu e o inferno.
Diariamente tocava as lembranças: sentia o embalo do carro, a pegada nos quadris, a saliva... quase podia olhar nos olhos claros da guria, quase podia tocar seus cabelos e acariciar o seu rosto, sentia o gosto dos lábios e de quartas intenções.
Com a nostalgia: sentia o gosto do amor inventado que serve somente para distração, quase ouvia a guria falar durante a madrugada, tamanha saudade.
Degustava diariamente pedaços de fins, acompanhados de variedades de vazios, em todos os tons de cinzas e pretos. (...)
Autores dos rabiscos: eu e
Nadine (Desculpe-me pelo mau humor flor de maracujá, estou correndo tanto nos últimos dias, prometo voltar a ser o mesmo pé de manjericão que você conheceu!)
Antes disso: Despedida [Prólogo] (I), Jaz [Introdução] (II) e Primeiro vazio (III)